quinta-feira, 5 de março de 2015

Que seleções o Brasil já enfrentou?

    O Brasil é historicamente, uma das maiores senão o maior seleção de futebol da história, ser o maior campeão de Copas comprova isso. Este fato faz com que o Brasil fosse por muitas vezes a seleção mais visada do mundo - o time a bater, o exemplo de time. Também faz com que muitos times diferentes convidassem o mesmo para amistosos. Daí, sai a questão: quantas seleções o Brasil já enfrentou? Todas? Se não, faltam muitas? O levantamento foi feito com base na lista de jogos da seleção da RSSSF. Será destacado o último jogo entre as duas seleções, para termos ideias de a quanto tempo não se enfrentam, e elas serão separadas por confederação. Primeiro, as seleção da CONCACAF (que correspondem quase que às seleções da América do Sul):


     Por causa das eliminatórias, da Copa América e da rivalidade com o Uruguai e com a Argentina, esta é a confederação da qual é mais fácil completar todos os países. E como veremos, a única. Agora, quanto a CONCACAF, confederação que reune países da América Central, América do Norte, Suriname e Guiana.


     Pode ser notado que o Brasil jogou contra quase todos os países não insulares das Américas Central e do Norte - menos Belize. Contra países insulares, enfrentou Jamaica e Haiti. Como os países insulares historicamente são de pouco menos destaque no futebol que os insulares, foram pouco representados. Agora, vemos a lista de países da OFC - confederação de futebol da Oceania - enfrentados pelo Brasil.


     Ok, admito que forcei em chamar isso de lista, mas é só isso. A Austrália, grande força do futebol da oceania, joga pela AFC, a confederação da Ásia - cuja lista será vista a seguir.


Aqui vemos uma lista muito maior - até porque a Ásia é um continente com muitos países (apesar de faltarem muitos para o Brasil enfrentar). As grandes potências asiáticas - Japão, Coréia do Sul, Arábia Saudita - foram todas enfrentadas. Agora, quando a CAF - confederação das seleções africanas.


     Notamos mais times enfrentados ainda. As seleções africanas historicamente fortes - como Nigéria, Camarões. Costa do Marfim, África do Sul, Egito, Gana - já foram enfrentadas. Algumas com menos tradição, como Gabão e Zâmbia, também.



     Até por disputar o topo do futebol mundial com a América do Sul, a Europa tem várias seleções de nível médio para alto. Por isso, a lsita é gigante. Algumas destas seleções estão extintas - URSS, Alemanha Ocidental e Oriental, Tchecoslováquia e Iugoslávia. No entanto, mesmo excluindo estas, não obtemos todas as seleções europeias. Faltam: Luxemburgo, Monaco, Malta, San Marino, Vaticano (sim, existe uma espécie de seleção do Vaticano), Liechtenstein, Bielorrúsia, Moldávia, Chipre, Albânia, Montenegro, Kosovo, Cazaquistão e Macedônia. Dependendo do critério utilizado, podem ser consideradas mais seleções. Disto tudo, somando, contam-se 90 seleções. Existem pouco mais de 200, ou seja, com todas as seleções somadas, não enfrentamos nem metade. Chegará o dia que teremos enfrentado todas as seleções do mundo?

terça-feira, 3 de março de 2015

Jogadores soviéticos e suas origens

     A finada União Soviética era formada por um grande grupo de países hoje independentes, sendo eles: Rússia, Cazaquistão, Usbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Quirguistão, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Moldávia, Bielorússia, Ucrânia, Letônia, Lituânia e Estônia. Enquanto as 3 últimas foram anexadas na Segunda Guerra Mundial, o resto se juntou durante a Revolução Russa, em 1917, e logo depois. Tinha mais de 22 milhões quilômetros quadrados, segundo um dos maiores países da história, só atrás do Império Russo em certa época, do Império Mongol sob Genghis Khan e do Império Britânico sob a época da Rainha Vitória. Após a Segunda Guerra Mundial se torna uma superpotência, disputando controle do globo com os EUA na chamada Guerra Fria.
    Após décadas de Guerra Fria, sua dissolução começou no fim da década de 80 e no começo da década de 90. O primeiro país a declarar e conseguir independência da URSS foi a Estônia, em agosto de 1991, seguida pelas outras repúblicas bálticas (Lituânia e Letônia). Nos próximos meses outros países também conseguiram independência, com a URSS acabando oficialmente no dia 31 de dezembro de 1991.
    Só houve interesse tardio pelo futebol na URSS, com a mesma só disputando eliminatórias para a Copa do Mundo em 1958 - conseguindo a classificação. Sua composição de origem era a seguinte:


     Como é facilmente percebido, era praticamente uma seleção russa, com apenas 2 jogadores de fora da mesma. Seus destaques eram o atacante Igor Netto (que também jogou de meia e defensor durante a carreira) e o lendário goleiro Yashin, talvez o maior da história do futebol. Reza a lenda que Yashin teria defendido 150 pênaltis na carreira. Na Copa, cai num grupo forte, com o Brasil de Pelé e Garrincha, a Inglaterra de Tom Finney, Billy Wright, Bobby Charlton e o futuro técnico da seleção inglesa, Bobby Robson (ainda jogador), além da Áustria, que não conseguiu manter um time do mesmo nível que em 1954.
      A URSS estreia com um amargo empate em 2x2 com a Inglaterra, após sair de uma vitória por 2x0. Enfrenta a Áustria e consegue uma vitória por 2x0, perdendo pelo mesmo placar para o Brasil. Empatada com a Inglaterra, vence a mesmo no play-off por 1x0. Nas quartas enfrenta a anfitriã Suécia de Gren, Liedholm, Simonsson e Skoglund. Perde por 2x0 com um gol de Simonsson no final e está eliminada da competição.
     Em 1962 consegue de novo a classificação, porém desta vez com um time mais equilibrado:


    É notada uma grande presença de ucranianos - que seria comum no resto dos anos de URSS - e uma quantia considerável de georgianos. Essas duas nacionalidades, junto com os russos, eram indiscutivelmente a base da seleção soviética ao longo das décadas. Os principais jogadores do time eram, além de Yashin e Igor Netto, o atacante Valentin Ivanov, que se tornaria um dos artilheiros da Copa.
     Já na disputa, fica no mesmo grupo que a Colômbia, o Uruguai de Pedro Rocha e Luis Cubilla a Iugoslávia do futuro artilheiro da copa Jerkovic. Vence a Iugoslávia na estreia por 2x0, para então um histórico e bizarro empate com a Colômbia por 4x4, em que a Colômbia marcou (o único) gol olímpico (isto é, diretamente de um escanteio) da história das Copas. O último jogo da fase de grupos foi uma viória sobre o Uruguai por 2x1, com gol de Ivanov aos 44 do segundo tempo. Vale frisar que a equipe soviética se classificaria mesmo com o empate. Nas quartas, enfrenta novamente o anfitrião - desta vez o Chile. O destaque do time sul-americano era Leonel Sanchéz, que também foi um dos artilheiros. O atacante marcou o primeiro gol da vitória chilena por 2x1, acabando a trajetória soviética no mundial.
     A próxima Copa, em 1966, foi a melhor da história da URSS. Conseguiu um honroso quarto lugar, com os jogadores das origens seguintes:


     Esta foi a mais equilibrada - quanto a origens - seleção soviética, com "apenas" 68,18% dos jogadores russos e ucranianos. Tendo em seu elenco ainda Yashin e Igor Chislenko, atacante de muito sucesso pelo Dinamo Moscou, começou caindo no grupo de Itália, que tinha em seu plantel grandes jogadores como a dupla de laterais Facchetti e Burgnich, além de Gianni Rivera e Sandro Mazzola (filho do Mazzola que era o cérebro do Torino da década de 40), o Chile, que além de Leonal Sánchez tinha um jovem zagueiro que depois partiria para o sucesso no futebol brasileiro, Don Elias Figueroa e a Coréia do Norte, uma azarona de quem não esperava-se nada. Estreia goleando a Coréia do Norte por 3x0, vence a Itália por 1x0 e o Chile por 2x1, com Porkujan desempatando aos 40 do segundo tempo. Nas quartas pega a Hungria de Albert e Tichy e consegue uma vitória por 2x1. Já nas semis, perde por 2x1 para a Alemanha Ocidental, com Beckenbauer marcando para os germânicos e Porkujan - que seria o marcador de 4 gols na Copa - marcando o gol de honra soviético. Empatava com Portugal por 1x1 na decisão de terceiro lugar, até Torres desempatar a partida para os lusos aos 44 do segundo tempo, dando assim o quarto lugar para os soviéticos.
     

     Formada somente de russos, ucranianos e georgianos, a seleção de Byshovets e que ainda contava com Yashin, em sua quarta Copa - porém desta vez no banco - conseguiu a segunda melhor classificação soviética na história das Copas, um quinto lugar. Caiu num grupo fácil, enfrentando o México, a seleção de El Salvador e da Bélgica - que contava com Van Himst. Começa empatando com o México - então anfitrião - por 0x0, para depois golear El Salvador por 4x1 e vencer a Bélgica por 2x0 - com Byshovets marcando dois gols em cada um desses jogos. Nas quartas teve o azar de enfrentar o forte Uruguai, que contava com Luis Cubilla, Pedro Rocha, o goleiro Corbo na reserva, o zagueiro Ancheta de titular, junto com o histórico e excelente goleiro Ladislao Mazurkiewicz.
     Em 1974 a URSS se classifica para o playoff da eliminatória da Copa. Enfrenataria o Chile, na época comandado politicamente pelo gal. Augusto Pinochet, ditador ideologicamente contrário a URSS. Devido ao confronto contra o Chile ser no Estádio Nacional de Santiago - onde haviam muitos presos políticos e morte de opositores - a URSS desistiu de enfrentá-los e assim cedeu sua vaga na Copa. Em 1978, vivendo uma crise no futebol, não consegue se classificar num grupo que continha Hungria e Grécia. Já em 1982, a classificação veio. A origem de seus jogadores era a seguinte:


      Nota se uma inversão: pela primeira vez, o número de jogadores ucranianos passa o de russos e passa a ser maioria. Com uma seleção completamente renovada em relação a sua última participação, contava com o goleiro Dasayev e com o atacante Blokhin - que talvez seja o melhor jogador de linha da história da URSS. Na Copa, caiu no grupo da Nova Zelândia, da Escócia de Souness, Dalglish, Robertson e Joe Jordan e o time que talvez seja o maior esquadrão da história do futebol: o Brasil de 1982, que tinha um meio campo com só craques como Falcão, Toninho Cerezo, Zico e Sócrates. O primeiro jogo é justamente contra o Brasil. Sai na frente com um gol de Bal, num frango de Walder Peres, em jogo que Sócrates e Éder virariam o placar para o Brasil. É seguido por uma vitória por 3x0 contra a fraca Nova Zelândia e um emocionante empate em 2x2 com a Escócia, com a URSS fazendo 2x1 aos 39 dos segundo tempo e a Escócia empatando com Souness aos 42. Com os resultados, a URSS se classifica para a segunda fase de grupos. Cai no mesmo grupo que a Bélgica de Pfaff, Ceulemans e Van der Elst além da fabulosa Polônia, que contava com Zmuda, Smolarek, Szarmach, Lato e Boniek. Tanto a URSS quanto a Polônia vencem a Bélgica, porém a Polônia vpor 3x0, com show e 3 gols de Boniek, enquanto a URSS vence pelo placar mínimo. Com isto, a URSS tinha que vencer a Polônia para ir à fase semifinal, no entanto empata sem gols e está eliminada.
      Em 1986 é semelhante quanto a origem quanto ao fato de ter mais jogadores ucranianos que russos:


     Aliás, a diferença entre o número de jogadores russos e ucranianos mais que dobra, havendo uma ucranização muito forte da seleção. Tendo no seu elenco Dasayev, Bal, Blokhin, Protasov e até Igor Belanov, que no mesmo ano seria escolhido melhor jogador da Europa, decepciona quanto a classificação. Cai num grupo relativamente fácil: Canadá, Hungria - que não era nem sombra do time de 54 e a excelente França de Platini. Goleia a Hungria por impiedosos 6x0, empata em 1x1 com a França e no último jogo vence o Canadá sem dificuldade, por 2x0, garantindo o primeiro lugar no grupo. Nas oitavas enfrenta a Bélgica que vinha reforçada com Scifo, sendo este um dos melhores jogos da história da Bélgica. Belanov abre o placar para a URSS no primeiro tempo. Aos 11 do segundo, Scifo empata. aos 25, Belanov faz 2x1. Aos 32, Ceulemans empata novamente. Com o empate, o jogo vai à prorrogação. Aos 12 do primeiro tempo da prorrogação, a Bélgica faz e se coloca na frente. Aos 5 dos segundo tempo, Claesen faz o quarto da Bélgica. Porém, um minuto depois, Belanov novamente marca e bota fogo no jogo, que acaba assim mesmo, 4x3 para os belgas e fim de papo.
     Na altura da Copa de 90, já se tinha ideia que seria a última jogada pela URSS, o país vinha perdendo a unidade e não havia estabilidade, os dias estavam contados. 


     A origem dos jogadores era parecida com a da Copa anterior, mas com menos ucranianos e mais pessoas de países menores, como Geórgia e Bielorússia. Na Copa caiu num grupo muito difícil. Camarões de Roger Milla, Romênia de Haghi e a então campeã do mundo Argentina com Maradona, Caniggia, Burruchaga, Ruggeri e mais outros grandes jogadores. Os soviéticos estrearam perdendo por 2x0 para a Romênia, depois novamente com o mesmo placar para a Argentina. Já eliminada, enfrenta Camarões, último jogo da URSS na história das Copas. Aplica sonoros 4x0, num amistoso de luxo, com Dobrovolski marcando o último gol da nação na história das Copas.
     Juntando todas as participações no torneio, temos a seguinte estrutura originária dos jogadores soviéticos:


     Russos e ucranianos dominam a lista, com mais de 80% dos convocados. Somando aí os georgianos, temos mais de 91%. O resto se divide em números muito parecidos, com destaques para 2 convocados alemães - e nenhum das muitas outras ex-república soviéticas.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Jogadores tchecoslovacos e suas origens

     Na mesma linha da postagem anterior, agora a origens dos jogadores tchecoslovacos em Copas do Mundo. Fundada em 1918, pela união do Reino da Boêmia e parte do finado Império Austro-Húngaro, a Tchecoslováquia engloabava territórios de vários países, entre eles Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia. Durante a Segunda Guerra Mundial foi anexada pela Alemanha e dividida em várias partes, que são: a Cárpato-Ucrânia (hoje território ucraniano), uma parte, conhecida como os Sudetos, onde havia muita população alemã, foi anexada pela Alemanha Nazista, na República Eslovaca (hoje parte da Eslováquia e Polônia), um Estado fantoche alemão comandado pelo Monsenhor Tiso e no protetorado da Boêmia e Morávia, que era comandado pela Alemanha.
     Após o fim da guerra e sua reunificação, uma pequena parte é ocupada pelo Exército Vermelho (URSS) e virada parte de República Socialista da Ucrânia, enquanto 3 anos depois, em 1948, há um golpe comunista e o resto do país vira República Socialista da Tchecoslováquia. Em 1968 é transformada numa confederação como consequência da Primavaera de Praga, sendo que as duas repúblicas em que foi dividida (República Tcheca e Eslováquia) correspondem aos países modernos com o mesmo nome. Em 1992, após a queda do comunismo, ocorre a divisão em dois países separados.
     Porém, desde 1918, sendo um único país, a seleção continha tanto jogadores tchecos como eslovacos. O que veremos nessa postagem é em que proporção eram. Começando pela Copa do Mundo de 1934.
    Jogando sua primeira Copa do Mundo, o começo é excepcional. Tendo em seu elenco o excelente goleiro Planicka e os grandes Puc e Nejedly (que seria artilheiro da Copa), começa com uma vitória de virada por 2x1 contra a Romênia - gols de Puc e Nejedly. Nas quartas, o jogo é contra a Suíça, que sai na frente. A Tchecoslováquia vira a partida, sofre o empate e aos 37 do segundo tempo, Nedejly marca o gol da classificação. O adversário da semifinal era a Alemanha do poderoso Edmund Conen. Vitória tchecoslovaca por 3x1, 3 gols de Nejedly - sempre ele. Na final, o adversário é a Itália de ninguém menos que Giusuppe Meazza. O time do Leste Europeu ainda sai na frente, com gol de Puc, mas aos 36 do segundo tempo Orsi empata para a Itália, que consegue a virada nos acréscimos. Em seu campeonato de estreia, o título não veio por muito. Essa era a composição dos jogadores:


     Como pode ser visto, era praticamente um time tcheco, com apenas alguns jogadores não o sendo.
     Já na próxima Copa, em 1938, a composição era semelhante:


    Devido a falta de dados, não foi possível achar o local de nascimento de grande parte dos jogadores, porém ainda sim é notado um predomínio absoluto de tchecos. O primeiro time enfrentado é a Holanda - até então uma nanica do futebol mundial. Após um empate por 0x0 no tempo normal, consegue fazer acachapantes 3x0 na prorrogação para enfrentar o Brasil nas quartas de final. Contra o escrete canarinho consegue um empate por 1x1, com Leônidas marcando para os brasileiros e Nejedly salvando o time europeu. Na revanche (não havia disputa por pênaltis na época), a Tchecoslováquia até sai na frente, porém, novamente com gol de Leônidas da Silva, o Brasil vira a partida e avança para as semifinais para enfrentar a Itália - que venceria e acabaria sendo a bicampeã do torneio.
     Não jogou as eliminatórios para a Copa de 1950, no Brasil, portando não se classificou. Porém, em 1954 estava de volta. Agora sem estrelas, cai num grupo mais difícil, com Escócia, Uruguai - de Míguez, Santamaria, Schiaffino, Andrade e Obdulio Varela e Áustria - de Ernst Happel, futuro técnico de muito sucesso, Wagner e os grandes Ocwir e Probst, este que acabaria vice-artilheiro da Copa, com um hat trick marcado sobre a Tchecoslováquia - que perderia o outro jogo para o Uruguaio, por 2x0, e se despediria da Copa sem marcar gols.


     Sobre os jogadores destas copas são há muita informação, sendo que muitos o local de nascimento é desconhecido, porém já começa a se notar um grande aumento do número de eslovacos.
     Agora na Copa de 1958, a primeira ganha pelo Brasil, o elenco já apresenta jogadores que se tornariam importantíssimos e respeitados, como Schrojf, Popluhár, Pluskal, Scherer (que foi reserva) e o grande craque Masopust. Caiu num grupo com a Alemanha Ocidental de Rahn, Seeler e o gênio da bola Fritz Walter, com a Irlanda do Norte - que seria uma surpresa e com a Argentina que contava com dois jogadores do lendário time do River Plate da segunda metade da década de 40 - Amadeo Carrizo e Angel Labruna. Começou com uma derrota por 1x0 para a Irlanda do Norte, para depois empatar em 2x2 com a Alemanha Ocidental (após estar vencendo por 2x0) e uma goleada impiedosa de 6x1 sobre a Argentina. Empatou em pontos com a Irlanda do Norte e disputou um jogo playoff contra ela (na época não havia classificação por saldo de gols, que hoje beneficiaria a Tchecoslováquia), perdendo por 2x1 de virada. Um dos destaques do time foi Zikán, que marcou 4 gols na competição. Sua composição era, como vemos, mais equilibrada:


    Ainda havia um número muito grandes de jogadores de origem desconhecida - ainda que um tanto menor - fato este que atrapalha real mensuração da origem dos jogadores. Porém, pode ser notado, tal qual em 1954, um número elevado de atletas eslovacos.
    1962 - Foi o ano da glória para a Tchecoslováquia. Ficou no grupo 3, com o Brasil de Pelé (que se lesionou e quase não jogou), Garrincha e cia., o México do goleiro Carbajal (que é até hoje um dos 3 únicos jogadores a jogar 5 Copas do Mundo, junto com o alemão Matthaus e o italiano Buffon) e a Espanha, que contava com vários grandes jogadores - muitos naturalizados - como Gento, Puskás, Di Stéfano, Santamaría e Luis Suárez, porém todos já em idade mais avanaçada, não rendendo tanto, tendo isso como resultado a Espanha ocupar a lanterna do grupo. Após se classificar aos trancos e barrancos - vitória sobre a Espanha, empate com o Brasil e derrota para o México - a Tchecoslováquia enfrenta a Hungria nas quartas da final, que apesar de não ser a mesma de 54, contava com bons nomes como Tichy, Albert e o goleiro remanescente dos Magiares Mágicos Grosics. Vitória apertada por 1x0, gol de Scherer. Então enfrentaria a Iugoslávia, que tinha em seu elenco Jerkovic, que seria um dos 6 artilheiros da Copa, com 4 gols. Vitória difícil por 3x1. Até os 35 minutos no segundo tempo o jogo estava 1x1, até Scherer desencantar e fazer dois gols para garantir a classificação. A final era contra o poderoso Brasil, que apesar de estar desfalcado de Pelé (que fora substituído por Amarildo), vinha com Garrincha numa fase estrondorosa. Com apenas 15 minutos de jogo, o maestro tchecolovaco Masopust abre o placar, jogando a responsabilidade para cima do Brasil, que dois minutos depois conseguiu empatar com Amarildo. No segundo tempo, Zito faz o segundo do Brasil e Vavá o terceiro, para acalmar a seleção brasileira, acabando com o sonho tchecoslovaco de título - pela segunda vez.


     Com um número quase igual de eslovacos e tchecos, esta foi a melhor participação tchecoslovaca em copas.
     Em 1966 cai no grupo de Portugal de Eusébio nas eliminatórias e não consegue a classificação, porém em 1970 está de volta à Copa.



    Neste ano se nota algo inverso das primeiras seleções a classificaram para copas: há um grande domínio eslovaco em vez de tcheco. Com um grupo mais modesto, fez campanha ruim. Caindo no grupo do fabuloso Brasil de 70 (sendo goleado por 4x1 pelo mesmo), da então campeã mundial Inglaterra, que ainda contava com Banks, Moore e Charlton e da Romênia, perde todos os jogos e fica na lanterna.
    Nas eliminatórias para a Copa de 1974, cai no grupo da Escócia de Joe Jordan, Dalglish, Denis Law e Billy Bremner e não consegue a classificação. Em 1978, também não consegue se classificar, caindo novamente para a mesma Escócia, que apesar da ausência de Law, compensava com Gemmil, Souness e Robertson. Em 1982 porém a Tchecoslováquia está de volta. Ficou num grupo forte, que apesar da fragilidade do Kuwait, compensava com a força da Inglaterra do craque Kevin Keegan e principalmente da França de Rochteau, de Tigana e do fabuloso Michel Platini. Após empate com Kuwait e França e derrota para Inglaterra, fica fora da segunda fase. Sua composição era um tanto diferente da de 1982:



    A coisa se inverte: há novamente um domínio de tchecos, lembrando as primeiras copas, porém desta vez com um número considerável de eslovacos.
     Em 1986, não conseguiu se classificar, ficando atrás de Portugal de Paulo Futre da Alemanha Ocidental de Rummenigge nas eliminatórios. Já em 1990, conseguiu sim, tendo como destaque Skuhravý. Ficou num grupo meio complicado, com a Áustria, os EUA de Kasey Keller, Tab Ramos e Tony Meola e a Itália de Zenga, Baresi, Maldini, Mancini, Donadoni e o então reserva e improvável futuro artilheiro da Copa, Salvatore (Toto) Schillaci. Após conseguir uma goleada por 5x1 contra os EUA (com dois gols de Skuhravý) e uma vitória pelo placar mínimo contra a Áustria, entra na última rodada, contra a Itália, já classificada e perde por 2x0. Nas oitavas enfrenta Costa Rica do goleiro Conejo e do brasileiro naturalizado Alexandre Guimarães. Goleia impiedosamente por 4x1, com hat trick de Skuhravý. Nas quartas, enfrenta a poderosa Alemanha Ocidental e é derrotada pelo placar mínimo, com gol de Matthaus de pênalti. Ali acaba o sonho tchecoslovaco, sendo este o último jogo do país em Copas do Mundo. Sua composição era a mais equilibrada da história, com quase o mesmo número de jogadores da Eslováquia e da República Tcheca, como podemos ver:


     Dois anos depois a Tchecoslováquia acabaria, no chamado Divórcio de Veludo. Somando todas as participações, temos uma tabela assim:


     A maioria absoluta dos jogadores era tcheca, porém ainda sim se notava um número muito grande de eslovacos. Somando eles aos tchecos e aos desconhecidos - a maioria de origem tcheca e eslovaca - temos cerca de 98% dos jogadores. Os outros 2% restantes são jogadores nascidos em outros países do Leste Europeu.